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Redação do GD
Otmar de Oliveira
Crescimento do número de usuários de drogas no entorno da Rodoviária Engenheiro Cássio Veiga de Sá, em Cuiabá, se tornou sinônimo de insegurança tanto para passageiros, quanto para comerciantes de dentro e fora do terminal. Casos de roubos, agressões verbais e físicas e até mesmo homicídios já foram registrados no local. Administração da Rodoviária garante que já solicitou ajuda por parte do Município, Estado e Ministério Público Estadual (MPE), na tentativa de solucionar a situação da referida “cracolândia”.
Supervisor operacional da rodoviária, Reginaldo Egídio Rosa relata que os dependentes químicos veem no terminal uma espécie de abrigo temporário, onde eles podem lavar roupa, tomar banho, dormir e até mesmo conseguir uma renda para manter o vício. “Eles entram nos banheiros públicos que temos na rodoviária e fazem sua higienização. Isso quando não aproveitam para coagir os passageiros e tirar algum dinheiro deles”. Rosa acrescenta que foi necessário colocar dentro de cada banheiro vigias, que trabalham ali durante 24 horas por dia, justamente para evitar que novos assaltos aconteçam nos sanitários.
Os usuários de drogas podem ser encontrados na rodoviária a qualquer hora do dia. Eles também aproveitam o movimento de passageiros para realizar pequenos furtos e pedir comida. “Os idosos e mulheres são as principais vítimas. Os dependentes químicos os avistam com bagagens aparentemente pesadas e se oferecem para ajudar a carregar. Em questão de segundos, saem correndo levando as malas, que dificilmente são recuperadas”.
Ocorrências de agressões verbais e físicas são recorrentes na rodoviária e ocorrem, na maioria das vezes, porque os passageiros não realizam as vontades dos usuários de drogas. “Eles chegam intimando o passageiro a dar dinheiro e se não dão, xingam e até batem. Na semana passada mesmo, uma cliente foi puxada pelos cabelos e prensada na grade de embarque, tivemos que acionar a segurança”. Porém, Rosa pontua que a única coisa que se pode fazer em uma situação como essa é separar e mandar sair do local, porque se os usuários sofrem qualquer tipo de agressão, a rodoviária pode responder lesão corporal e ameaça.
Casos de homicídios também são constantes no terminal rodoviário, mas segundo o supervisor operacional nenhum dos crimes é praticado de fato dentro rodoviária. “Uma vez um usuário esfaqueou um homem, que veio sangrando até o terminal para pedir ajuda e acabou morrendo aqui dentro. Em outro caso, cinco dependentes químicos pegaram um outro na porta da rodoviária e arrastaram ele até um beco. Foi morto a pedradas. Porém, todas as mortes acabam sendo ligadas ao terminal”.
Uma empresa privada foi contratada para garantir o bem estar e segurança das pessoas que utilizam a rodoviária. Mas o trabalho no local tem sido intenso e desgastante. “Não podemos fazer nada além de expulsá-los. E isso é feito o tempo todo, durante todos os dias do ano, porque eles saem e alguns minutos depois estão de volta. E o pior é que está aumentando o número de usuários que ficam no entorno da rodoviária”.
Atendente de uma lanchonete dentro do terminal rodoviário, Hélio Patrick da Silva Araújo conta que é comum clientes do estabelecimento serem abordados pelos dependentes químicos, que sempre pedem comida ou dinheiro. “As pessoas não têm nem tempo de reagir. Eles chegam de dois ou três e cercam o cliente que, com medo, cede aos pedidos”.
Araújo relata ainda que o movimento maior de usuários de drogas acontece entre 23h e 6h. “Eles se reúnem em grupos de 20 a 30 dependentes químicos e ficam na frente do terminal. Ali eles usam drogas e, às, vezes, até fazem sexo. Depois ficam observando os passageiros para escolher a próxima vítima”.
Para o atendente, a própria população colabora para manter a “cracolândia” naquele local, pois algumas pessoas levam cestas básicas e na época de frio distribuem cobertores. “Enquanto eles encontrarem o que precisam nas redondezas e até mesmo dentro da rodoviária, continuarão aqui”.
Para tentar amenizar os problemas acarretados pela “cracolândia”, a administração do terminal rodoviário enviou diversos ofícios para a Sesp, pedindo o reforço da segurança no entorno e também ao Município pedindo ajuda para a retirada dos usuários de drogas da região. Mas, até o momento, nenhum dos pedidos foi atendido.
Outro lado - Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) confirmou o recebimento dos ofícios solicitando reforço nas rondas no entorno da rodoviária. Os documentos foram enviados ao Comando Geral da Polícia Militar, que é responsável pelo patrulhamento.
A Polícia Militar informou que emprega três viaturas e 33 policiais da Base Comunitária do Araés para realizar o patrulhamento de toda a área que abrange o entorno do local e, quando necessário, solicita apoio das demais unidades subordinadas ao 10º Batalhão para reforçar o policiamento na região. A PM ressaltou que por se tratar de uma área de concessão, existe uma empresa privada que detém o espaço, cabendo a ela responsabilidade contratual por toda estrutura que abrange o terminal rodoviário, bem como a logística e segurança fixa e interna.
O Município informou que realiza o acolhimento dos envolvidos com drogas e álcool através do serviço especializado em abordagem social, por meio da Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Urbano. O serviço é vinculado ao Centro Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que recebe a denúncia sobre pessoas em situação de vício, realiza a visita in loco e, após a autorização dos mesmos, retira-os da rua e encaminha-os para as unidades terapêuticas ou de abrigamento para a reabilitação. Porém, a prefeitura destaca que o recolhimento compulsório dessas pessoas não ocorre em Cuiabá e, por isso, a Secretaria não pode impedir que eles abandonem o tratamento e voltem às ruas.(Com informações da repórter Elayne Mendes, do jornal A Gazeta)
segunda-feira, 1 de junho de 2015 | 0 comentários |